quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Hoje é dia do Anjo da Guarda...




Anjo da Guarda,
Minha companhia,
Guardai a minha alma
De noite e de dia.





Hipopótamos

Eles andam aí como se carregassem
Todo o peso do mundo
Mas nos seus olhos estão
As leves gotas de orvalho
E cantam mil violinos no seu coração.

Numa noite de luar, se olhares p’ra cima
Verás como todos os hipopótamos
(mesmo os do teu livro de gravuras)
Vão pelo ar, levíssimos em direcção ao céu
Com as suas asas inesperadas, transparentes.

Não haverá, por fim, nenhum
E ninguém se lembrará que um dia
Existiram hipopótamos sobre a terra
Mesmo o seu nome apagar-se-á
Da frágil memória dos homens

Mas eles voltarão
Sempre que precisares de ajuda
E, baixinho disseres o nome
Do teu anjo da guarda.

Álvaro de Magalhães






A Estrela e o Anjo

Vésper caiu cheia de pudor na minha cama
Vésper em cuja ardência não havia a menor parcela de sensualidade
Enquanto eu gritava o seu nome três vezes
Dois grandes botões de rosa murcharam
E o meu anjo da guarda quedou-se de mãos postas
no desejo insatisfeito de Deus.

Manuel Bandeira

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