segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Fim-de-semana (I)

Sexta-feira não foi um dia bom. Foi um dia de rolar outra vez pelas escadas abaixo. De sentir cada pico a roer a carne. Talvez por isso, o fim-de-semana, que ia ser de gente à volta, parecia e não parecia convidativo. Espairecer é bom, mas quando sentimos vontade de nos deitarmos em posição fetal na cama e cobrir a cabeça, torna-se complicada a ambivalência.
Mas fui, como é óbvio, que a minha presença era fundamental. Apesar do cansaço, tudo correu bem. Mas houve momentos em que me apeteceu fugir.
Na noite de sábado, e porque havia necessidade de criar empatia entre as pessoas, o serão foi de paragem. Sob o imaginário d’O Principezinho, trabalhámos a nossa imagem e a confiança nos outros.
Num dos momentos, a partir da história da rosa que o Principezinho amava perdidamente, foi-nos pedido que, em dez pétalas de cartolina, escrevêssemos dez características nossas que achássemos relevantes para a função que desempenhamos no grupo. No fim, quando todos achávamos que íamos construir a nossa rosa, foi-nos pedido que déssemos as nossas pétalas a dez pessoas diferentes que achássemos que partilhavam connosco cada uma das características. Esse momento foi, para mim, surreal. Porque nas minhas andanças, ia dando e recebendo. Uma após outra. Inúmeras.
No fim, tinha dado dez. E tinha recebido dezanove…
Qualquer pessoa teria ficado feliz pela quantidade de pétalas recebidas. E eu fiquei. Mas enrolada como estava nas minhas dores, não foi fácil lidar com uma rosa feita de perseverança, criatividade, espírito de serviço, persistência, gosto pelo que faço, convicção nas minhas ideias, entusiamo (a duplicar), responsabilidade, frontalidade, perfeccionismo, experiência de vida, perspicácia, alegria, altruísmo, vocação, capacidade de análise, compaixão.

Stressada estava (outra característica que alguém que me conhece me deu) e mais stressada fiquei. Custou-me imenso compor a flor, ficou feia como os trovões. Sem forma. Mas vou guardá-la, para que me lembre.

Senti-me acarinhada. E foi difícil aceitá-lo. Porque me senti transparente.
Raios partam as muralhas…

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