sábado, 9 de janeiro de 2010

Do passado

É muito raro encontrar alguém que compreenda à primeira, o que faço. Ainda menos encontrar alguém que ache que é interessante. Por norma, a primeira coisa que me perguntam é 'Para que é que isso serve?'

Num mundo tecnológico como o nosso, tudo tem de ser virado para obter dividendos, para produzir inovação, para criar futuro. De repente, o passado deixou de ter importância. Para muitos, passou, é passado. É para ser esquecido, posto de lado ou sei lá mais o quê. E por isso não lhe dão o mínimo valor e menosprezam quem olha para e por ele. Esquecem-se, porém, de que o passado, quando compreendido e olhado, nos ensina muito sobre o futuro. E que no que já foi podemos encontrar outras realidades que nos alargam horizontes, que nos ensinam novos caminhos.

Tenho guardado há muito tempo este texto, que me fez pensar nisto:

"03 Agosto 2009 - 00h30

Sem história

Caminhei pela calçada incerta da ‘cidade velha’ da ilha de Santiago, Cabo Verde, a mais antiga povoação europeia em África, prestes a tornar-se Património da Humanidade. Vi as ruínas da muralha do mar, o convento de S. Francisco e a fortaleza empoleirada na achada a fitar o oceano com altivez.

Mas, em toda a parte, há placas referindo que a reconstrução foi paga pela Espanha – fiquei amargo mas não admirado. Sei bem que governantes temos e tivemos. Lembro-me do magnífico forte de Stª. Catarina, Brasil, reedificado pela Alemanha.

E das queixas de total abandono dos que ainda se dizem portugueses em Malaca. Deixamos marca em todo o Mundo mas só a exibimos em concursos pimba. Um povo que desdenha o percurso que lhe moldou a identidade empenha o melhor do seu futuro."

Carlos Abreu Amorim (Correio da Manhã: Opinião)

4 comentários:

Princesa Canela disse...

Dizia-me a minha professora de História, há muitos anos, que conhecer o passado é éssencial para compreender o presente. Concordo. Não basta, mas ajuda sobremaneira, certamente.

mf disse...

Princesa:
É...

Beijo

Pedro Bom disse...

Deixa lá que comigo também ninguém sabe e é de tecnologia!!

mf disse...

Pedro.
Pois... Quem manda fazermos coisas esquisitas para o comum dos mortais?